A MÚSICA NAS SÉRIES INICIAIS DE ENSINO
FUNDAMENTAL: RE-APRENDENDO A CANTAR
O objetivo deste artigo é refletir
sobre o ensino da música nas séries iniciais de ensino e como ela influenciará
na vida futura escolar de nossos alunos. A música surge nos anos iniciais para
suavizar o ambiente escolar e criar um maior desenvolvimento cognitivo das
crianças, nessa etapa educacional. LOUREIRO (2010, pág.107) argumenta que: Há
várias décadas, a educação musical se encontra praticamente ausente das escolas
brasileiras. Sua ausência nos currículos se explica por vários fatores, entre
os quais merece destaque sua perda de identidade como disciplina. Vale ressaltar que a música é algo muito importante na vida de todos, pois
expressa sentimentos, vontades culturais, ela pode se transformar num ótimo
objeto de ensino e aprendizagem, pois as crianças dos anos iniciais conseguem
se expressar com facilidade através da música, que é tida como a primeira
manifestação artística vivenciada pelo homem. NAPOLITANO (2005, pág.07) afirma
que: Além disso, a música tem sido ao menos em boa parte do século XX, a
tradutora dos nossos dilemas nacionais e veículo de nossas utopias sociais. A
música na educação pode servir para a autonomia e a formação da personalidade
da criança que são elementos determinantes para a aprendizagem do aluno. É
preciso ampliar a ideia de música nas escolas, o alunado possui um grande
conhecimento, porque eles interagem de forma livre e, enquanto isso está ampliando
seu aprendizado. LOUREIRO (2010, pág.109) sustenta que: São muitos os problemas
enfrentados pela área de educação musical. Dentre eles, consideramos como os de
maior importância a falta de sistematização do ensino de música nas escolas de
ensino fundamental e o desconhecimento do valor da educação musical como
disciplina integrante do currículo escolar.
A partir dessa reflexão, pode-se dizer que a utilização da música pelo
educando favorece os primeiros sinais de conhecimento, facilitando o contato
das disciplinas por eles estudadas. BRITO (2010, pág.28) comenta que: Como uma
das formas de representação simbólica do mundo, a música, em sua diversidade e
riqueza, permite-nos conhecer melhor a nós mesmos e ao outro – próximo ou
distante. Nesta fase, através da música o discente concilia a aprendizagem,
onde o ensino requer paciência e dedicação do docente para desenvolver seu
trabalho pedagógico. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, pág. 75) afirma que: A música sempre
esteve associada às tradições e às culturas de cada época. Atualmente, o
desenvolvimento tecnológico aplicado às comunicações vem modificando
consideravelmente as referências musicais das sociedades pela possibilidade de
uma escuta simultânea de toda produção mundial por meio de discos, fitas,
rádio, televisão, computador, jogos eletrônicos, cinema, publicidade. Em função
disso por diversas vezes durante o decorrer das aulas deparamos com os nossos
alunos cantando, se divertindo e brincando nos intervalos das aulas ou no
recreio, com auxílio de aparelhos celulares, Ipod, Mp4 ouvindo músicas em Mp3.
Diz o ditado quem canta os males espanta! Quem sabe o conteúdo ministrado está o
influenciando positivamente e o discente se encontra motivado a todo instante. Se
convidarmos uma criança para cantar qualquer música, ela atende de imediato o
nosso pedido. O aluno o faz naturalmente por que cantar é uma atividade que o
atrai com muita facilidade, para ele é um divertimento e um momento prazeroso.
NAPOLITANO (2005, pág.11) justifica que: Mas além de ser veículo para uma boa
ideia, a canção (e a música popular como um todo) também ajuda a pensar a
sociedade e a história. NADAL (2011, pág.38) enfatiza que: "O ensino de
música em países como o Brasil passa por uma crise e fala sobre os caminhos a
serem percorridos para formar bons professores até 2012, quando o conteúdo
passa a ser obrigatório na educação básica (mas ainda vinculado à disciplina de
arte). De acordo com LOUREIRO (2010, pág.109): A importância da arte na “era
tecnológica” se deve ao fato de ser um elemento essencial de integração do
homem na sociedade, surgindo como um instrumento de desenvolvimento da
personalidade, de libertação, de estímulo à criatividade, meio indispensável de
educação. Tal afirmação vem ao encontro ao que precisamos nos adequar e inserir
no planejamento anual sobre artes, eixo música, várias capacidades tais como:
Saber que o som tem qualidades (ou parâmetros) tais como: altura, duração,
intensidade, timbre e densidade. Em nosso tempo a música integra todos os tipos
de sons: tom aos quais podemos citar as notas musicais: dó, ré, mi, fá, só, lá,
si, dó. Ruídos produzidos ao redor do ambiente, dos carros que passam batidas
de portas, produzidos pelos próprios alunos como espirrar ou tossir. Mescla
produzido por ruídos vocais. BRITO (2010, pág.28) salienta que: As
muitas músicas da música – o samba ou o maracatu brasileiro, o blues e jazz
norte-americano, a valsa, o rap, a sinfonia clássica europeia, o canto
gregoriano medieval, o canto dos monges budistas, a música concreta, a música
aleatória, música da cultura infantil, entre outras possibilidades – são
expressões sonoras que refletem a consciência, o modo de perceber, pensar e
sentir de indivíduos, comunidades, culturas, regiões, em seu processo
sócio-histórico. Daí a necessidade de o alunado reconhecer diferentes gêneros musicais: músicas de roda, axé,
sertaneja, balada, rock, funk, hip hop, rap, reagge,samba, pagode, baião,Pop,
jazz,eletrônica e etc...Perceber altura que é o parâmetro relacionado à criação
de linhas melódicas, melodias e harmonias, distinguir diferentes ritmos em
músicas infantis, do repertório regional e nacional, Elaborar formas de
registro para documentar as experiências sonoras vivenciadas (percepção,
criação / produção, comunicação / representação, análise e registro e
Perceber os sons ambientes (vozes, corpos e materiais sonoros), associando-se à
fonte. Para NAPOLITANO (2005, pág. 44): Mas a vida musical das ruas , senzalas
e bairros populares era intensa, embora tenha deixado poucos registros
impressos ou escritos. Seu legado é basicamente oral e preservado através das
canções folclóricas, festas populares e danças dramáticas. De acordo com BRITO
(2010, pág.29): Não podemos deixar de lembrar a influência das transformações
tecnológicas, que ampliaram os meios para o fazer musical pela introdução de
instrumentos eletrônicos, sintetizadores, computadores etc... A música concreta
e a música eletrônica, desenvolvidas na primeira metade do século XX,
provocaram mudanças que continuam ocorrendo até os dias atuais em todos os
gêneros e estilos musicais. Música é
algo que nos fascina, desenvolver um
projeto de música na classe que lecionamos é muito importante e a partir dela
pode-se desenvolver várias atividades interessantes interagindo todos as disciplinas.
Quanto aos alunos, este é um tema que com certeza vai atraí-los e muito:
conhecem diferentes gêneros musicais e já distinguem diferentes ritmos
musicais, ouvem músicas em seus lares, baixam arquivos em seus celulares e
frequentam lugares públicos onde podem aumentar seus conhecimentos sobre
música.GAINZA (2011, pág.39) sustenta que: A educação musical é uma ferramenta
de inclusão social e cultural. Portanto, acredito que se uma classe não é totalmente
alfabetizada, esta aí uma oportunidade de incluirmos estes alunos que se sentem
excluídos de conhecimentos, mas motivados por um conteúdo fascinante e
prazeroso e que pode fazer diferença na maneira de alfabetizar.
JOGANDO COM A MÚSICA
Quando a criança canta uma música de roda ela própria cria um jeito de
cantá-la utilizando um jogo. Por exemplo: No recreio, na educação física ou em
casa ela canta: Adoleta. A
brincadeira é a seguinte: As crianças em roda, tendo as mãos abertas com as palmas
viradas para cima, mão direita sobre a mão esquerda do vizinho. Uma primeira
criança faz um movimento com a sua mão direita e bate sobre a mão direita do
vizinho à sua esquerda. Esta então repete o mesmo movimento com o seu vizinho e
assim sucessivamente, de maneira que este gesto será “passado” de um a um pela
roda. Essas batidas acompanham a marcação (pulso) da música.
Adoleta
Le peti peti petá
Le café com chocolá
Adoletá
Puxa o rabo do tatu
Quem saiu foi tu
Barra berra birra borra
Burra!
No final, quando se dirá “Burra”, o tapinha que vinha circulando na
roda poderá se transformar numa palmada. A pessoa visada pela batida deverá
retirar rapidamente a sua mão para escapar do golpe, e evitar que seja excluída
da brincadeira.
A B C ou Alfabeto: brincadeira
feita em duplas (um em frente ao outro), onde o texto é o próprio alfabeto (de
A a Z), interpretado de maneira articulada, com palmas, uma para as vogais,
outra para as consoantes. Nas vogais: levanta-se a perna direita e bate-se
palma com as mãos por baixo dela (alternando-se sempre; por exemplo, começar
com a direita e após esquerda, direita, esquerda e direita). Nas consoantes:
batem-se palmas cruzadas com o companheiro, isto é, mão direita com mão
direita, alternando para mão esquerda. Entre cada uma das letras intercala-se
uma palma, batida individualmente com as mãos colocadas em frente ao peito
(posição habitual).
Texto Movimentos
(pausa Palma individual normal
A Palma individual por baixo da perna direita.
Palma individual normal
B Palma
entre eles (mão direita com mão direita)
Palma
individual normal
C Palma
entre eles mão esquerda com mão esquerda Palma individual normal
D Palma
entre eles (mão direita com mão direita)
Palma
individual normal
E Palma
individual por baixo da perna esquerda
Palma individual normal
F Palma
entre eles mão esquerda com mão esquerda
Etc...
Na letra X cruzam as mãos
ligeiramente sobre o rosto, fazem um giro sobre si mesmo e batem as palmas
ainda com as mãos cruzadas frente a frente com o companheiro, na letra Z.
Conclusão
. Não há como negar a importância da
música nos anos iniciais do ensino fundamental, que vai desde o aspecto da
aprendizagem até o aspecto de socialização da criança. Colocar as crianças em
roda cantando, planejar aulas com musicalização, definir atitudes lúdicas com
música só tem a acrescentar na aprendizagem do educando. Explorar as músicas
com as crianças em todos os aspectos é papel fundamental do educador, pois com
isso pode explorar o potencial humano, formativo e do conhecimento que está
oculto nas crianças, a criança se sente mais feliz e o educador sente prazer
por estar contribuindo com as crianças de alguma forma. Boa parte da vivência
em escola juntamente com os estudos e com experiências de outros profissionais
permitem concluir que a música em sala de aula é mais que necessário, é
comprometimento do educador que almeja fazer um bom trabalho, é motivar sem
esquecer-se do ser humano, é sensibilizar as crianças, provocar sentimentos e
resgatar valores humanos. O papel da música é deixar o ambiente mais agradável,lúdico,
harmonioso, alegre, isto é, tendo em consideração o tipo e ambiente e a
atividade a ser exercida. A
música deve proporcionar a esses alunos o desenvolvimento cognitivo e
psicomotor, acompanhando assim a criança e desenvolvendo o aspecto intelectual.
Além de ter um avanço terapêutico, desenvoltura de socialização, desinibição,proporcionando
limites, equilíbrio dinâmico e estático. Os cuidados do educador vão desde a
seleção e repertório das músicas à qualidade de sons e sua altura e aspectos
relativos à aprendizagem do educando.
As atividades
musicais realizadas na escola não visam à formação de músicos, e sim, através
da vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura de canais
sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e
contribuindo para a formação integral da criança.
Referências
BRASIL,Secretaria de Educação Fundamental.Parâmetros Curriculares Nacionais: arte Vol
06/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRITO,
Teca Alencar de. Música na Educação Infantil: Propostas para a Formação Integral da
Criança. Petrópolis: 2010.
CAMPBELL,
Linda; CAMPBELL, Bruce; DICKINSON, Dee. Ensino e Aprendizagem por meio das Inteligências Múltiplas. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GAINZA,
Violeta Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. São Paulo:Summus,2009.
LOUREIRO,
Alicia Maria Almeida. O ensino de música
na escola fundamental. 2010. Campinas:Papirus.
MINAS
GERAIS, Secretaria de Estado da Educação. Projeto
Música na Escola.Livro de música.1998.
MORAES,
J.Jota de. O que é música. São Paulo: Brasiliense, 2009.
NAPOLITANO,
Marcos. História & Música.Belo
Horizonte: Autêntica, 2005.
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