domingo, 12 de agosto de 2012

Várias poesias


      A  lagarta

         Edvete da Cruz Machado

Era uma lagarta,
Que a caminhar,
No verde galhinho
Foi procurar,
Um bom lugarzinho
Para descansar.

Dormiu muito tempo
E assim fabricou,
Um fio bem longo
Onde se enrolou...

E quando acordou
Que bela surpresa
Virou borboleta
Foi uma beleza!


       BORBOLETAS

 Borboletas fecham as asas
quando vão dormir
são tão pequenas
não atrapalham ninguém

mesmo assim se dobram
pela metade
modestamente...

Olhando o que elas fazem
a gente
balança a cabeça
e diz pro mundo: psiu!
com medo
que o menor barulho
possa acordar as borboletas.

MISTÉRIO DO AMOR
                                               
                                                (José Paulo Paes)
O BEIJA - FLOR
QUE BEIJA A FLOR
OU É A FLOR
QUE BEIJA O BEIJA – FLOR?

LAGOA
Carlos Drumond de Andrade
Eu não vi o mar
Não sei se o mar é bonito
Não sei se ele é bravo.
O mar não me importa.
Eu vi a lagoa.
A lagoa, sim.
A lagoa é grande
E calma também.
Na chuva de cores
Da tarde que explode
A lagoa brilha
A lagoa se pinta
De todas as cores
Eu não vi o mar,
Eu vi a lagoa...

O MENINO DOENTE
Manuel Bandeira
O menino dorme.
Para que o menino
Durma sossegado,
Sentada ao seu lado
A mãezinha canta:
- “Dodói, vai-te embora!
Deixa meu filhinho.
Dorme... dorme... meu...”
Morta de fadiga,
Ela adormeceu.
Então no ombro dela,
Um vulto de santa,
Na mesma cantiga,
Na mesma voz dela,
Se debruça e canta:
- “Dorme, meu amor.
Dorme, meu benzinho...”
E o menino dormia.

TREM DE FERRO
Manuel Bandeira


Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isso maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Chore, cerca
Aí seu foguista
bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita Força
Oô..
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa posto
Passa pasto
Passa boi
Passa Boiada
Passa galho
Debruçada
No riacho
Que vontade de cantar!
Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana era um oficiá
Oô....
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede.
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui,
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

FOLHINHA VERDE
Marieta Leite
Folinha verde

está quietinha

parada no ramo

sem balançar.

Vem um vento ligeirinho

sopra de lá, sopra de cá.


Folinha verde

balança no ramo

pra lá

pra cá,

pra lá

pra cá....


A BOLA AZUL
                  Cecília Meireles

Era uma bola azul, tão bonita!
Parecia a lua,
se a lua fosse azul.
Amarrada num fio,
ia ao vento, de cá, de lá,
alegre
como se estivesse rindo.
Dormiste com ela segura na mão.
De noite a bola arrebentou.
Quando acordastes, presa num fio
a bola morta não se movia.
Começastes a chorar.
Mas mamãe
da bola grande que morrera
fez uma porção de bolas pequeninas,
azuis
azuis...
Pareciam estrelas
se estrelas fossem azuis.

AS MENINAS
Cecília Meireles

Arabela

abria a janela.

Carolina

enguia a cortina.

E Maria

olhava e sorria:

       “Bom dia!”


Arabela

foi sempre a mais bela.

Carolina,

a mais sábia menina.

E Maria

apenas sorria:

       “Bom dia”


Pensaremos em cada menina

que vivia naquela janela;

uma que se chamava Arabela,

outra que se chamou Carolina.

Mas a nossa profunda saudade

é Maria, Maria, Maria

que dizia com voz de amizade:

       “Bom dia!”

A BAILARINA
Cecília Meireles

Esta menina

tão pequenina

quer ser bailarina


Não conhece nem dó nem ré

mas sabe ficar na ponta do pé.


Não conhece nem mi nem fá

mas inclina o corpo pra lá e pra cá.


Não conhece nem lá nem si

mas fecha os olhos e sorri.


Roda, roda, roda com os bracinhos no ar

e não fica tonta nem sai do lugar.


Põe no cabelo uma estrela e um véu

e dez que caiu do céu.


Esta menina

tão pequenina

quer ser bailarina


Mas depois esquece todas as danças

e também quer dormir como as outras crianças.

BOLHAS
Cecília Meireles

Olha a bolha d’água
No galho!
Olha o orvalho!

Olha a bolha de vinho
Na rolha!
Olha a bolha!

Olha a bolha na mão
Que trabalha!

Olha a bolha de sabão
Na ponta da palha,
Brilha, espelha
E se espalha

O CAVALINHO BRANCO
Cecília Meireles

Á tarde, o cavalinho branco
está muito cansado:
mas há um pedacinho de campo
onde sempre é feriado.
O cavalo sacode a crina
loura e comprida
e nas verdes ervas atira
sua branca vida.

Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livres
seus movimentos.
Trabalhou todo o dia tanto!
desde a madrugada!
Descansa entre as flores, cavalinho branco
de crina dourada!

TEMPESTADE
Henriqueta Lisboa
                                        
- Menino, vem para dentro
  olha a chuva lá na serra,
  olha como vem o vento!
Como a chuva é bonita!
e como o vento é valente.
-  Não sejas doido, menino.
  esse vento te carrega,
  essa chuva te derrete!

- Eu não sou jeito de açúcar
  para derreter na chuva.
  Eu tenho força nas pernas
  para lutar contra o vento!

E enquanto o vento soprava
enquanto a chuva caía
que nem um pinto molhado
teimoso como ele só
- Gosto de chuva com vento,
  gosto de vento com chuva!











2 comentários:

  1. Que delícia! Poesias de minha infância!!!
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Voltei a ser criança de novo... algumas delas, sei até hoje, de cor. Dos bons tempos em que se ensinava poesia nas escolas... Janeth Coutinho, de Santa Catarina.

    ResponderExcluir