quinta-feira, 28 de março de 2013

SEMEANDO

                           Dona Angélica era professora. Residia em uma pequena cidade e dava aulas em uma vila próxima.Não era considerada uma pessoa equilibrada em razão do seu comportamento, que parecia um tanto esquisito. Os alunos da escola de primeiro grau tinham-na como uma pessoa muito estranha. Eles observavam que a professora nas suas viagens de ida e volta do lar à escola, fazia gestos e movimentos com as mãos, que não conseguiam entender e por esse motivo, pensavam que ela era meio fora do juízo. Pela janela do trem, dona Angélica fazia acenos como se estivesse dizendo adeus a alguém invisível aos olhos de todos.
                           As crianças faziam zombarias, criticavam-na, mas ela não sabia, pois os comentários eram feitos às escondidas. Todos, inclusive os pais e demais professores, achavam que ela era maluca, embora reconhecessesm que era excelente educadora. Os anos se passavam e a situação continuava a mesma. Várias gerações receberam da bondosa e dedicada professora ensinamentos valiosos e abençoados. Dona Angélica era uma pessoa de boas maneiras, calma e gentil, mas não muito bem compreendida. Envelhecida no exercício do dever de preparar as crianças para um futuro melhor, com espírito de abnegação e devotamento quase maternal.
                           Certo dia, em que viajava para sua querida escola, com diversas crianças na mesma classe do trem movimentava como sempre, as mãos para fora da janela. Os alunos sentados na parte de trás do trem sorriam maliciosamente quando Alberto, seu aluno de dez anos, sentou-se ao seu lado e com ternura lhe perguntou:
 _Professora por que você insiste em continuar com essas atitudes loucas?
 _Que deseja dizer filho? Interrogou surpresa a bondosa senhora.
 _Ora, professora - continuou ele, você fica abanando a mão para os animais ou...isso não é loucura?
 A mestra amiga compreendeu e sorriu, sinceramente emocionada chamou a atenção do aluno dizendo:
 _Veja minha bolsa e apontou para a intimidade do objeto de couro forrado.
 _Nota o que há aí dentro?
 _Sim -respondeu Alberto.
 A professora respondeu calmamente: _É polém de flores. São pequenas sementes...há quase vinte anos eu passo por este caminho indo e vindo da escola. A estrada antes, era feia, árida, desagradável. Eu tive a idéia de a embelezar, semeando flores. Desse modo, de quando em quando, reúno sementes de belas e delicadas flores do campo e as atiro pela janela...sei que cairão em terra amiga e acariciadas pela primavera se transformarão em plantas e produzirão flores, dando cor e alegria à paisagem. Como você pode perceber a paisagem já não é mais árida, há flores de diversos tipos e suave perfume que a brisa se encarrega de espalhar por todos os lados. Na vida todos somos semeadores...Una semeiam flores descobrem belezas, perfume frutos, outros semeiam espinhos e se ferem nas suas pontas agudas. Ninguém vive sem semear, seja o bem, seja o mal...Felizes são aqueles que por onde passam deixam sementes de amor, de bondade e de afeto...  Que possamos semear muitas flores.

                                                                        Autor desconhecido

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