quinta-feira, 20 de setembro de 2012

EDUCAÇÃO RESPONSÁVEL

                                                            Darwin Santiago Amaral

Educar crianças é tarefa agravada pelo afrouxamento dos laços familiares pela busca do prazer a todo custo e pela precariedade afetiva que avassala todas as classes sociais. O vocábulo criança relaciona-se com a cria. A criança tem potencial da renovação, mas, para a realidade, precisa ser educada. Educar é desafio numa época que dispensa o uso intensivo de mão-de-obra pouco instruída. Os pais que amam os seus filhos favorecem o ensino exigindo deles comportamento adequados, pois moços educados tem melhor desempenho ao longo do ano letivo. O fato de milhões de adolescentes alcançarem a última série do ensino fundamental sem saber ler deveria indignar; turmas inteiras, recorrentemente, descumprem suas obrigações. Pais precisam exigir dos filhos atitudes produtivas, pois, se assim não fizerem, nenhum programa escolar resultará satisfatório. O que vem estigmatizando a escola pública é resultado da tolerância dos pais com os filhos que negligenciam o estudo sistemático. Transferir para os docentes as prerrogativas da educação de berço é o caminho mais curto para o fracasso. Escola não é creche, clube ou rua de lazer. Estudar requer dedicação. Posturas éticas. Aqueles que sequestram ou matam namoradas, que depredam escolas, que riscam carros dos professores e que batem nos pais e avós tem baixa tolerância à frustração e precisam de ajuda especializada. A violência escolar está conectada com vários fatores macropolíticos e péssimos exemplos na família, na mídia e entre os líderes políticos religiosos e esportistas. Exigir melhor qualificação dos professores sem correspondente remuneração e segurança e converter a escola num depósito de gente resistente às exigências culturais inerentes aos estudos intensifica equívocos. Educar não é confeccionar boletins com notas. Os pais precisam mais com os exemplos do que com as mochilas, celulares e tênia de seus filhos. Educação responsável é aquela que responde. Sem uma revisão do recrutamento dos docentes, por meio de concursos confiáveis: sem uma abordagem sofisticada dos processos de seleção de diretores escolares; sem salários condizentes; sem uma reflexão filosófica acerca da educação, numa época midiática; e sem responsabilidade das famílias, nada será conquistado, porque, sem compromisso, iniciativa alguma é possível.
O Brasil precisa de uma política de estado para a educação de um ministro visceralmente envolvido com a questão: também prefeitos que tenham coragem e satisfação de inaugurar bibliotecas. Com a explosão da produção científica em todos os ramos do saber, a infância está, mais uma vez, em acelerado processo de reinvenção histórica: sexualmente ativa, se reproduz precocemente. O alongamento da juventude é só um dos intrigados aspectos do problema. Professor não substitui pai nem mãe e não existe sucesso de graça. Os pais sabem disso porque, também, são mestres.
                                                                                          Darwin Santiago Amaral é professor de História

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