domingo, 20 de janeiro de 2013

HONRAR PAI E MÃE

                                                                        LYA LUFT (escritora)
Se as relações familiares não fossem intrísecamente complicadas, não existiria o mandamento "Honrarás pai e mãe".Comentário de grande sabedoria. Assunto inesgotável. Como educar, como cuidar neste mundo maravilhoso e tresloucado, com tanta sedução e tanta informação _ um mundo no qual, sobretudo na juventude, nem sempre há o necessário discernimento para escolher o bem? Saber distinguir o melhor do pior, ser capaz de observar e argumentar, são o melhor legado que família e escola podem dar. Na família, fica abaixo só do afeto e da segurança emocional. Na escola, importa mais do queo acúmulo de informações e o espaço das brincadeiras, num sistema que aprendeu erroneamente que se deve ensinar como se o aluno não tivesse que aprender. Fora disso, meus caros, não há salvação. Isso e professores supervalorizados e bem pagos, escola para todos _ não mais milhões de crianças e jovens em casas cujo pátio é barro misturado a esgoto, ou na rua, com o crack e a prostituição.Um ensino que dê muito e exija bastante: ou caímos na farra e no despreparo para a vida, que inclui graves decisões pessoais e um mercado de trabalho cruel. Bem antes da escola vem o fundamental, o ambiente em casa, que marca o indivíduo pelo o resto de sua jornada. Se esse ambiente for positivo, amoroso, a criança acreditará que amor e harmonia são possíveis, que ela pode ter e construir isso, e fará nesse sentido suas futuras escolhas pessoais. Se o clima for de ressentimento, frieza, mágoas ocultas e desejos negativos, o chão por onde o indivíduo vai caminhar será esburacado. Mas irá tropeçar, mais irá quebrar a cara e escolher para si mesmo pior. Dificuldades familiares não tem a ver só com o natural conflito de gerações, mas também com a atitude geral dos pais. Eles tem entre si uma relação de lealdade, carinho, alegria? São realmente interessados,tentam assumir suas responsabilidades grandes e difíceis? Foi-se o patriarcado, em que havia regras rígidas. Eu não quereria estar na pele dos infratores de então, os filhos que ousavam discordar. Em lugar da anterior rigidez e distância, estabeleceu-se a alegre bagunça, com mais demonstraçoes de afeto, mais liberdade, mais respeito pelas individualidades _ muitas vezes com resultados dramáticos. Lembro a frase que já escrevi nesta coluna, do psicólogo que me revelou:"A maior parte dos jovens pertubados que atendo não tem em casa pai e mãe, não tem um gatão e uma gatinha".Talvez tenham uma mãe que não troca cabelereiro e academia por horas de afeto com os filhos ou um pai que corre atrásdo dinheiro necessário para manter a família acima de suas possibilidades por ilusão sua ou de desejo de status de uma mulher frívola. Crianças de 11 anos frequentam festinhas em que rola o inenarrável: Onde estão pai e mãe? Adolescentezinhos rodam a madrugada pelas ruas, dirigindo bêbados ou drogados: onde estão pai e mãe? Quase crianças passam fins de semana em casas de serra e praia reais ou fictícios, com adultos irresponsáveis ou só entre outras crianças, transando precocemente, drogando-se, engravidando, semeando infelicidade, culpa, desorientação pela vida afora. Onde estão os pais? Ter filho é talvez a maior fonte de alegria, mas também é ser responsável sim, ah sim! Nisso sou rigorosa e pouco simpática, eu sei. Esse é o dilema fundamental numa sociedade que prega a liberalidade, o "divirta-se", o "cada um na sua", como num pré-apocalise. Mais grave ainda num momento em que a honradez de figuras públicas (que deveriam ser nossos guias e modelos) é quase uma extravagância. Pais bonzinhos são tão danosos quanto pais indiferentes: o amor não se compra com presentes,nem permitindo tudo, nem fingindo não saber ou não querendo saber, muito menos desviando o olhar quando devia estar vigilante. Quem ama cuida: velho princípio inegável, incontornável e imortal, tantas vezes violado.
       ESTE TEXTO RECEBI EM UMA DAS CAPACITAÇÕES PROMOVIDA PELA E.M.LUIZA MARIA DE SOUZA EM RIBEIRÃO DAS NEVES

2 comentários:

  1. Sábias palavras da Lya Luft. Eu me arrisco demais com isso, mas sou rígida ao extremo, presto atenção em tudo que fazem, falam e só vão com meus braços seja lá aonde for. Falam que eu sou o pai da familia, e o pai é a mãe... Afinal, meu pouco tempo deve ser com eles também o aprendizado, de ver naqueles olhos o que não vemos mais quando crescem.

    Eu ainda admiro esse prazeroso tempo, nem que seja 5 minutos!

    Beijos

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    1. Nosso mundo sofre grandes modificações em todos os aspectos, um deles Honrar pai e mãe. Você amiga é uma delas que por zelo mantém esse mandamento ordenado por Deus e eu a parabenizo por isso. Abraços!!!!

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