LYA LUFT (escritora)
Se as relações familiares não fossem intrísecamente complicadas, não existiria o mandamento "Honrarás pai e mãe".Comentário de grande sabedoria. Assunto inesgotável. Como educar, como cuidar neste mundo maravilhoso e tresloucado, com tanta sedução e tanta informação _ um mundo no qual, sobretudo na juventude, nem sempre há o necessário discernimento para escolher o bem? Saber distinguir o melhor do pior, ser capaz de observar e argumentar, são o melhor legado que família e escola podem dar. Na família, fica abaixo só do afeto e da segurança emocional. Na escola, importa mais do queo acúmulo de informações e o espaço das brincadeiras, num sistema que aprendeu erroneamente que se deve ensinar como se o aluno não tivesse que aprender. Fora disso, meus caros, não há salvação. Isso e professores supervalorizados e bem pagos, escola para todos _ não mais milhões de crianças e jovens em casas cujo pátio é barro misturado a esgoto, ou na rua, com o crack e a prostituição.Um ensino que dê muito e exija bastante: ou caímos na farra e no despreparo para a vida, que inclui graves decisões pessoais e um mercado de trabalho cruel. Bem antes da escola vem o fundamental, o ambiente em casa, que marca o indivíduo pelo o resto de sua jornada. Se esse ambiente for positivo, amoroso, a criança acreditará que amor e harmonia são possíveis, que ela pode ter e construir isso, e fará nesse sentido suas futuras escolhas pessoais. Se o clima for de ressentimento, frieza, mágoas ocultas e desejos negativos, o chão por onde o indivíduo vai caminhar será esburacado. Mas irá tropeçar, mais irá quebrar a cara e escolher para si mesmo pior. Dificuldades familiares não tem a ver só com o natural conflito de gerações, mas também com a atitude geral dos pais. Eles tem entre si uma relação de lealdade, carinho, alegria? São realmente interessados,tentam assumir suas responsabilidades grandes e difíceis? Foi-se o patriarcado, em que havia regras rígidas. Eu não quereria estar na pele dos infratores de então, os filhos que ousavam discordar. Em lugar da anterior rigidez e distância, estabeleceu-se a alegre bagunça, com mais demonstraçoes de afeto, mais liberdade, mais respeito pelas individualidades _ muitas vezes com resultados dramáticos. Lembro a frase que já escrevi nesta coluna, do psicólogo que me revelou:"A maior parte dos jovens pertubados que atendo não tem em casa pai e mãe, não tem um gatão e uma gatinha".Talvez tenham uma mãe que não troca cabelereiro e academia por horas de afeto com os filhos ou um pai que corre atrásdo dinheiro necessário para manter a família acima de suas possibilidades por ilusão sua ou de desejo de status de uma mulher frívola. Crianças de 11 anos frequentam festinhas em que rola o inenarrável: Onde estão pai e mãe? Adolescentezinhos rodam a madrugada pelas ruas, dirigindo bêbados ou drogados: onde estão pai e mãe? Quase crianças passam fins de semana em casas de serra e praia reais ou fictícios, com adultos irresponsáveis ou só entre outras crianças, transando precocemente, drogando-se, engravidando, semeando infelicidade, culpa, desorientação pela vida afora. Onde estão os pais? Ter filho é talvez a maior fonte de alegria, mas também é ser responsável sim, ah sim! Nisso sou rigorosa e pouco simpática, eu sei. Esse é o dilema fundamental numa sociedade que prega a liberalidade, o "divirta-se", o "cada um na sua", como num pré-apocalise. Mais grave ainda num momento em que a honradez de figuras públicas (que deveriam ser nossos guias e modelos) é quase uma extravagância. Pais bonzinhos são tão danosos quanto pais indiferentes: o amor não se compra com presentes,nem permitindo tudo, nem fingindo não saber ou não querendo saber, muito menos desviando o olhar quando devia estar vigilante. Quem ama cuida: velho princípio inegável, incontornável e imortal, tantas vezes violado.
ESTE TEXTO RECEBI EM UMA DAS CAPACITAÇÕES PROMOVIDA PELA E.M.LUIZA MARIA DE SOUZA EM RIBEIRÃO DAS NEVES
Sábias palavras da Lya Luft. Eu me arrisco demais com isso, mas sou rígida ao extremo, presto atenção em tudo que fazem, falam e só vão com meus braços seja lá aonde for. Falam que eu sou o pai da familia, e o pai é a mãe... Afinal, meu pouco tempo deve ser com eles também o aprendizado, de ver naqueles olhos o que não vemos mais quando crescem.
ResponderExcluirEu ainda admiro esse prazeroso tempo, nem que seja 5 minutos!
Beijos
Nosso mundo sofre grandes modificações em todos os aspectos, um deles Honrar pai e mãe. Você amiga é uma delas que por zelo mantém esse mandamento ordenado por Deus e eu a parabenizo por isso. Abraços!!!!
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