terça-feira, 24 de julho de 2012

Currículo Escolar e a concretização do Ensino-aprendizagem


Por Maria da Consolação Pereira Vieira

A escola deve proporcionar ao seu alunado um ambiente prazeroso de estudar, fazer amigos, criar laços estar sempre aberta ao diálogo quando se fizer necessário, inovar sempre e renovar suas práticas pedagógicas. Organizar uma escola não é uma tarefa fácil e gera preocupação maior quando o assunto é o currículo. O gestor da escola precisa se atualizar em cursos de capacitação. É necessário conhecer sua comunidade e inteirar-se de suas festividades para construir um projeto político pedagógico, juntamente com todos os profissionais da escola formando parcerias que atenda à sua comunidade escolar tornando-o muito atrativo. A princípio a escola deve organizar um questionário onde serão pesquisados os anseios e desejos das crianças, também dos responsáveis das mesmas. Após o levantamento das questões mais cotadas fazer uma análise detalhada e que atenda a maioria e a partir daí organizar o currículo anual. A proposta curricular para o ensino das séries iniciais: Educação Infantil 1º ano ao 5º anos devem atender as exigências da LDB, Secretaria de Educação Estadual, Parâmetros Curriculares Nacionais e toda comunidade escolar. Com propostas inovadoras o currículo elaborado deve ser analisado exaustivamente de vez em quando para que seja modificado conforme a necessidade do alunado. Cada seguimento da comunidade escolar tem sua importância na formulação e organização do currículo. O currículo é dividido em disciplinas que são: Português, Matemática, Ciências, Geografia, História, Ensino religioso (Formação Humana) e Artes, porque as orientações legais assim os exigem, como também temos no Brasil em geral uma forte tradição no sentido de pensar o currículo dessa maneira. Se a escola tem compromisso em ensinar e promover o conhecimento ela precisa organizar espaços para que o ensino-aprendizagem aconteça. Para isso deve haver critérios de avaliação pensar e repensar estes critérios favorecendo sempre o educando e promovendo o alunado em todos os sentidos, educando-o para a vida fazendo com que ele seja um cidadão consciente. Os professores se reúnem com a presença do pedagogo em grupos organizando projetos audaciosos, trocando idéias refletindo sua prática pedagógica  corrigindo as falhas, refazendo suas aulas proporcionando a seus alunos clareza em seus objetivos . Freqüentar cursos de capacitação se faz necessário porque o mundo está mudando rapidamente e o alunado se torna muito exigente também. Fazer um curso superior é exigência primordial para todo profissional da educação ao iniciar uma carreira bem-sucedida e ser valorizada por isso também.  Confeccionar jogos interessantes com foco na ludicidade, organizar atividades que interagem com todas as disciplinas. A sala de aula deve proporcionar à classe, um ambiente favorável à alfabetização e facilidade na compreensão dos conteúdos ministrados.  O pedagogo precisa ficar atento as dificuldades que poderão surgir e estar preparado para futuras orientações e dissoluções dos problemas existentes entrando em contato com os familiares formando uma parceria entre escola-professor e família. O aluno que é o sujeito de sua aprendizagem precisa ser interessado em seu sucesso pessoal e cumprir em tempo hábil as atividades propostas com capricho, seriedade e responsabilidade. Os responsáveis pelos alunos tem um papel muito importante que é cobrar do aluno em todo o tempo no decorrer do ano letivo , cooperando , ajudando em suas dificuldades amparando-os e fornecendo os materiais necessários para as aulas. Enfim, todos devem se conscientizar que se um profissional falha todos devem estar envolvidos para que ele se recupere e corrija com humildade o seu erro. Produzir conhecimento na escola é fundamental para o aluno porque ele é o ator principal do seu processo ensino-aprendizagem. Na perspectiva de uma educação inclusiva, a centralidade do currículo passa a ser o sujeito, sua cultura e seu ritmo de aprendizagem. Não basta oferecer uma gama enorme de conteúdos escolares sem que se leve em conta a assimilação desses conteúdos pelos sujeitos. Também não se trata de esvaziar a escola e os conteúdos escolares, o desafio está em conciliar os conteúdos com as diferenças subjetivas de gênero, raça e etnia, de condição física e mental, dentre outras. Construir um currículo numa perspectiva multicultural exigirá um esforço dos professores nos seguintes aspectos: _ Rompimento das fronteiras entre as disciplinas curriculares; integração de saberes decorrentes da interdisciplinariedade, em contraposição ao excesso de informações e de conhecimento sem sentido; formação de uma rede de conhecimentos e de significações construídos junto aos alunos; escolha de temas que partam da realidade, da identidade social e cultural dos alunos. Construir uma escola de qualidade é o sonho de todos que nela trabalham, mas é necessário que haja: amor, união, paixão, compromisso, muito estudo, reflexão, transparência e muita criatividade.

Sou formada em letras pela Universidade Monsenhor Messias em Sete Lagoas, pós-graduada em Leitura e Literatura pela Universidade de Pedro Leopoldo e Inspeção escolar pela Faculdade Noroeste de Ipatinga. Atualmente trabalho nas redes: Estadual de Minas Gerais e Prefeitura de Ribeirão das Neves, atuo nas séries iniciais do ensino fundamental.

domingo, 22 de julho de 2012

AS COCADAS

                                                                                           Cora Coralina

               Eu devia ter nesse tempo dez anos. Era menina prestimosa e trabalhadeira à moda do tempo.
               Tinha ajudado a fazer aquela cocada. Tinha areado o tacho de cobre e ralado o coco. acompanhei rente à fornalha todo o serviço, desde a escumação da calda até a apuração do ponto. Vi quando foi batida e estendida na tábua, vi quando foi cortada em losangos.
               Saiu uma cocada morena, de ponto brando atravessada de paus de canela cheirosa. O coco era gordo, carnudo e leitoso, o doce ficou excelente. minha prima me deu duas cocadas e guardou tudo mais numa terrina grande, funda e de tampa pesada. Botou no alto da prateleira.
               Duas cocadas só...Eu esperava quatro e comeria de uma assentada oito, dez, mesmo. dias seguidos namorei aquela terrina, incessível. De noite, sonhava com as cocadas. De dia as cocadas dançavam pequenas piruetas na minha frente. Sempre eu estava por ali perto, ajudando nas quitandas, esperando, aguando e de olho na terrina.
               Batia os ovos, segurava gamela, untava as formas, arrumava nas assadeiras, entregava na boca do forno e socava cascas no pesado almofariz de bronze.
               Estávamos nessa lida e minha prima precisou de uma vasilha para bater um pão-de-ló. Tudo ocupado. Entrou na copa e desceu de uma vasilha a terrina, botou em cima da mesa, deslembrada do seu conteúdo. Levantou a tampa e só fez: Hiiii...
                Apanhou um papel pardo sujo, estendeu no chão, no canto da varanda e despejou de uma vez a terrina. As cocadas moreninhas, de ponto brando, atravessadas aqui e ali de paus de canela e feitas de coco leitoso e carnudo guardadas ainda mornas e esquecidas, tinham se recoberto de uma pequena penugem cinzenta, macia e aveludada de bolor.
                Aí minha prima chamou o cachorro: Trovador...Trovador...e veio o Trovador, um perdigueiro de meu tio, lerdo, preguiçoso, nutrido, abanando a cauda. Farejou os doces sem interesse e passou a lamber, assim de lado, com o maior pouco caso.
                Eu olhando com uma vontade louca de avançar nas cocadas.
                Até hoje, quando me lembro disso, sinto dentro de mim uma revolta -má e dolorida - de não ter enfrentado decidida, resoluta, malcriada e cínica, aqueles adultos negligentes e partilhado das cocadas bolorentas com o cachorro.

Conto Cora Coralina, in: Conto com você - Vol 2 - coleção literatura em minha casa, São Paulo, Editora Global, 2003 (PNBE 2003                                                       Fonte: Revista Leitura S Novembro 2006

"CONVERSANDO COM DEUS"

                                            PEDI FORÇAS E VIGOR
Deus me mandou dificuldades para me fazer forte.
                                         
                                             PEDI SABEDORIA
Deus me deu problemas para resolver.

                                             PEDI PROSPERIDADE
Deus me deu energia e cérebro para trabalhar

                                             PEDI CORAGEM
Deus me mandou situações perigosas para superar.

                                             PEDI AMOR
Deus me deu oportunidades.

                                             PEDI  FAVORES
Não recebi nada do que queria.
Recebi tudo o que precisava.
Minhas preces foram atendidas!

sábado, 21 de julho de 2012

A FORMAÇÂO DO LEITOR Por CELSO ANTUNES

                                                     CELSO ANTUNES

 

20 IDEIAS PARA DESPERTAR O GOSTO PELA LEITURA EM CRIANÇAS

EDITORA VOZES



Ler um livro é uma experiência sensorial inefável. Abrir um novo livro, sentir a textura do papel, virar as páginas e com as mesmas sonhar, representa momento inesquecível na vida de um leitor.

Muito além de instrumento de cultura, os livros desenvolvem a capacidade de concentração, estimulam conexões neuronais, criando múltiplas associações que a memórias acolhem e retém.

Mas, gostar de ler não é condição genética, não representa destino escrito no genoma. É hábito que se desenvolve, experiência a conquistar, admiração que se aprende e não esquece.

Este breve ensaio se propõem apresentar ideias para melhor formatar esse hábito admirável. 

Nada complicado, sugere algumas iniciativas para fazer nascer leitores, mesmo para pais e 

educadores que ainda não são apaixonados pelos livros.

terça-feira, 10 de julho de 2012

A águia que queria virar galinha

Era uma vez uma águia que foi criada num galinheiro. Cresceu pensando que era galinha...Que tristeza quando se via, nos espelhos das poças d´água, tão diferente! O bico era grande demais, impróprio para catar milho, como todas as outras faziam. Era muito grande, atlética. com certeza sofria de alguma doença...E ela queria uma coisa só: ser uma galinha comum, como todas as outras. Fazia um esforço enorme para isso. treinava ciscar com o bamboleio próprio. andava meio agachada, para não se destacar pela altura. Tomava lições de cacarejo. E o que mais queria: que seu cocô tivesse o mesmo cheiro familiar e acolhedor do cocõ das outras galinhas. O seu era diferente, inconfundível. Todos sabiam onde ela tinha estado e riam...
Sua luta para ser igual a levava a extremos de dedicação política. Pregava uma necessidade de uma revolução no galinheiro. Acabar com o dono que se apossava do trabalho das galinhas.
Aconteceu que um dia, um alpinista que se dirigia para um cume das montanhas passou por ali. Alpinistas são pessoas que gostariam de ser águias. Não podendo, fazem aquilo que chega mais perto: sobem a pés e mãos até as alturas onde elas vivem e voam. E ficam lá, olhando prá baixo, imaginando que seria bom se fossem águias e pudessem voar. O alpinista viu a águia no galinheiro. E se assustou:
_ Que é que você águia está fazendo no meio das galinhas? Ele perguntou.
Ela pensou que fosse caçoada e ficou brava. não me goza.
Águia é a vovozinha. Sou galinha de corpo e alma, embora não pareça.
_ Galinha coisa nenhuma, replicou o alpinista. Você tem bico de águia, olhar de águia, rabo de águia, cocõ de águia... É águia. deveria estar voando... E apontou para os minúsculos pontos do céu, muito longe, águias que voavam perto dos picos das montanhas.
_ Deus me livre! Tenho vertigem das alturas. Dá-me tonteira. O máximo para mim é o segundo degrau do poleiro, ela respondeu.
o alpinista percebeu. Suspeitou que a águia atá gostava de ser galinha. Agarrou a águia e enfiou dentro de um saco. e continuou sua marcha para o alto das montanhas. chegando lá, escolheu o abismo mais fundo, abriu o saco e sacudiu a águia no vazio. Ela caiu. Aterrorizada, debateu-se furiosamente, procurando algo a que se agarrar. Mas não havia nada. Só lhe sobravam as asas...
E foi então que algo novo aconteceu. do fundo do eu corpo galináceo, uma águia há muito tempo adormecida e esquecida, acordou, se possou das asas e, de repente, ela voou... Lá de cima, olhou o vale onde vivera. Visto das alturas, ele era mais bonito.
O alpinista, assentado, sorria, imaginando-se a voar no corpo da águia.

                                                    Rubem Alves. estórias de bichos. São Paulo, Loyola, 1990, págs 6 à 13.